AMOR
Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima. Paulo Leminsk
AMOR
Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima. Paulo Leminsk
Ouvi, por diversas vezes, ser a amada encantadoramente louca, que todo o trovador deveria encontrar. Todavia, o amor oprime e põe em dúvida o pagamento do preço, do tempo, do nada que possa representar o sexo diante de tudo.
Os conselhos inteligentes impugnam o amar como se isso fosse possível. E, subjugas o melhor de nós a horas boas, apenas. De que forma acreditar no começo se o que ouço é o fim e suas correntes opressoras do sentir?
De que adianta o corpo falar tantas linguagens, se ele não ouve o
coração e mata, a cada presente, o que te dou de futuro?
Transformas o amar em joia falsa e sem valor, a escorrer por entre os
dedos, sem que nem eu mesma pressinta o poço profundo do tempo em que te perdi,
pura e simplesmente, por amar demais.
Só resta um vento frio a soprar quando é chegada a invernia que te
acovarda por sentir-se amado.
É preciso ser forte pra dizer adeus ou igualmente forte para encarar o day
after e sua aura hipócrita de aparências. Eu não sou, mas fico ali, aguardando o dragão e
sua flama que a tudo chamusca.
Em meus olhos, amado, reside alguma luz.
Enquanto nos teus, reverbera imensa dor. Desfaleceram em vida e não
conseguem mais reencontrar àquela alma rutilante.
No adeus, sou gaivota triste sobre as águas, porém, livre para amar. Aprendo
voos a cada dia em que o teu espírito desfalece por matar a palavra.
Por Darcila Rodrigues
Do Livro: Terceira Pessoa (2015-2018)
Publicado também em https://www.recantodasletras.com.br/cartas/5209098
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