Chego aqui, à
moda O Tempo e o Vento, de Érico Veríssimo, para uma prosa, como se diz no sul,
sobre o velho Jayme. Sempre gostei de poesia mas quando conheci o poeta Jayme
Caetano Braun (JCB) dos livros, foi como “assistir” seus versos. Um mestre na
“payada” (improviso) que passeava com desenvoltura pelas décimas (maioria de
seus versos) forjando poemas com palavras e talento inimitável. Tudo isso, porém,
já foi dito muitas vezes por críticos e artistas que prefaciaram suas obras ou
tiveram a sorte de conviver com o poeta. Não é o meu caso. O meu Jayme Caetano
Braun é outro...
Certa feita,
viajando de ônibus de Arroio Grande para Herval, sentei ao lado de um
funcionário do DAER, natural de São Luiz Gonzaga, terra natal do Jayme.
Perguntei-lhe se conhecia o JCB. Morava do lado... Fiquei fascinado com toda a
conversa, mas o que nunca mais esqueci é que o JCB, quando queria, falava em
versos o tempo inteiro, para tudo e com qualquer um; Outra vez, era noite, o
JCB pescava em Bagé na estância de um amigo, quando recita um lindo poema sobre
cavalos baios, no exato momento em que uma tropilha passa a galope por trás do
acampamento. O dono da fazenda, emocionado, pede uma cópia da poesia e JCB
responde que tinha sido um improviso, uma pajada. Ficou perdida; O poeta Sérgio
Carvalho Pereira foi apresentado ao seu ídolo JCB, em Porto Alegre, pelo amigo
comum e cantor Luiz Marenco. Ao se dizer emocionado e que realizava um sonho de
tempos ouviu do Jayme: Podias ter vindo antes, meu rancho não tem tramela...
Érico Pires (Poeta,escritor e pesquisador da cultura gaúcha).
Érico Pires (Poeta,escritor e pesquisador da cultura gaúcha).